Arte de Ramón Cáceres

Ramón Cáceres

02.09 - 24.09.2011

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O paraguaio Ramón Cáceres tem uma dupla profissão. Ele é restaurador e conservador de obras de arte, de muito sólida formação, e pintor criativo ao mesmo tempo. Vamos examinar sua pintura e analisar os seus componentes.

Com sua dupla profissão, assim sua pintura caracteriza-se por um duplo caminho. Um é um caminho estrutural-construtivo. O outro, um caminho onírico, algo surreal e romântico. Aquilo que une os dois, estes diversos caminhos é a sua aguda sensibilidade, a sua emotividade diferenciada, a sua veia poética. 

Examinemos primeiro o seu caminho estrutural-construtivo. Ele explora o assunto das bandeiras imaginárias que são ordenadas geometricamente no espaço da tela. Coloridos oníricos e fluentes caracterizam a temática das bandeiras. Uma poesia lírica emana destas estruturas, um lirismo puro e singelo. No outro caminho, o surreal e mágico, ele explora o assunto das árvores. Ele cria relevos com os galhos das árvores de uma dramaticidade e telurismo substancial. Bandeiras e árvores são os dois elementos figurais prediletos. As bandeiras (com sua ordenação geométrica) abrem espaços poéticos, com as árvores entre a substancialidade maciça, a dramaticidade corpórea, o magismo telúrico do mundo vegetal. Dois caminhos diferenciados, porém ambos expressivos de uma alma enraizada no cosmo, uma alma telúrica, cheia de magismo do vivo.

Ramón ama a sutiliza, seja no onirismo das bandeiras seja na dramaticidade das árvores. Ele festeja o vivo em sua transposição estética. Sem imitar outros, absolutamente original, ele inventou estes dois símbolos da sua crença metafísica e ontica. Um belo trabalho que se caracteriza pela sua pureza e singeleza. Uma verdadeira poesia de transfiguração artística. Uma sincera voz autônoma dentro do panorama atual da criatividade pictórica brasileira. Um sincero sonhador e cantador do vivo.

Theon Spanudis (maio de 1985)

 

 

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